quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O ABC dos Sentimentos

    As emoções são imprescindíveis nas tomadas decisões - das mais simples, como agendar a próxima ida ao dentista, às mais complexas, como aceitar ou não um convite para mudar de emprego. Elas são fundamentais também para a sociabilidade, além de organizar a forma como os dados e os acontecimentos são armazenados na memória. Em 1872, no livro A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, o naturalista inglês Charles Darwin (1809- 1882), autor da teoria da evolução,demonstrou como as emoções as emoções estão ligadas a mecanismos evolutivos essenciais à preservação da espécie. As reações fisiológicas desencadeadas por raiva, amor, alegria, tristeza ou culpa têm um valor adaptativo relevante. "A alegria, por exemplo, deixa os animais, os humanos entre eles, com a disposição para correr atrás de dois itens essenciais à sobrevivência da espécie - alimentos e parceiros sexuais", diz o neurocientista comportamental Frederico Graeff, professor da Universidade de São Paulo, câmpus de Ribeirão Preto.
" Já a tristeza é importante em situações adversas, quando tende a ser mais útil deixar deixar o tempo passar, a fim de o indivíduo poupar energia para agir em momentos mais favoráveis."
    Na década de 60, ao aprofundar os estudos de Darwin sobre as emoções, o psicólogo americano Paul Ekman, professor da Universidade da Califórnia, comparou, em duas dezenas de países, a expressão facial das pessoas durante a manifestação dos diversos sentimentos, dedicando-se sobretudo a seis deles, considerados básicos. O medo, a surpresa, a raiva, a alegria, a tristeza e o nojo são inatos, determinados biologicamente - e comuns até nos vertebrados mais simples. Nos peixes, anfíbios e répteis, as emoções se manifestam de forma involuntária, ativando as áreas mais primitivas do cérebro e o sistema límbico. Conforme aumenta o grau de evolução da espécie, as emoções tornam- se mais refinadas - o que exige a ativação de porções cerebrais maiores e mais desenvolvidas. No ser humano, as percepções e manifestações emocionais atingem o auge da complexidade e são processadas em todo o cérebro, inclusive no córtex primitivo e no neocórtex, responsáveis por funções como a linguagem e as tomadas de decisão. nós somos os únicos comprovadamente capazes de sentir as chamadas emoções secundárias. Dezenas de substâncias químicas interagem entre si de modo que sintamos compaixão, culpa, ciúme, vergonha, desconfiança e ... amor. Além de mais complexas fisiologicamente, as emoções humanas, há que lembrar, não seriam humanas se não fossem moldadas também por influências sociais, culturais e morais. E se retroalimentam. Como dizia o escritor inglês Edward Morgan Forster (1879-1970): "As emoções são intermináveis: quanto mais as exprimimos, mais maneiras temos de exprimi-las".(Magalhães Naiara, O ABC dos Sentimentos. revista VEJA, pg 28, 30 e 31.São Paulo, editora abril,edição 2184 - ano 43 - nº 39, 29 de setembro de 2010).

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